O risco de ataques cibernéticos ou violação de dados, que figuravam em 9º lugar na lista de
riscos atuais em 2021, subiu para o 2º lugar em 2023. Esse salto significativo, provavelmente,
é reflexo da rápida adoção de tecnologias digitais para eliminar as desigualdades no uso ou acesso à
tecnologia em alguns países e digitalizar as indústrias de diferentes setores. Diversos incidentes
cibernéticos ocorreram na região nos últimos anos. Talvez o mais famoso tenha sido o ataque de ransomware de abril de 2022 contra o Ministério da Fazenda da
Costa Rica, que paralisou o governo e colocou em alerta as empresas da região.
Os entrevistados da América Latina classificaram em 9º lugar o risco atual de danos à marca ou à
reputação que, pela primeira vez, apareceu entre os dez primeiros desde que iniciamos a pesquisa na
região. Isso pode ser reflexo do surgimento de marcas regionais mais fortes, que estão recebendo
investimentos significativos de seus sócios na região e até mesmo do mundo todo, e também um sinal
da maior maturidade dos gerentes de risco, que cada vez mais reconhecem os riscos a ativos
intangíveis, como marcas, reputação ou propriedade intelectual.
Os entrevistados classificaram o risco atual do clima e de desastres naturais em 10º lugar para
a América Latina, a única região na qual esse tipo de risco aparece entre os dez primeiros. A falta
de apoio do governo em momentos de crise na região faz com que o ônus de gerenciar e se recuperar
desses eventos recaia sobre as empresas. Além disso, a conscientização sobre uma possível
interrupção dos negócios devido ao clima extremo parece estar aumentando com os episódios cada vez
mais frequentes e graves de inundação, deslizamento de terra e seca na região. Metade dos
participantes da América Latina declarou que acreditava que a crescente volatilidade do clima
poderia impedir que atingissem as metas comerciais.
Riscos subestimados
Como a nossa pesquisa foi feita em um momento em que a maior parte da região enfrentava um
crescimento lento, os riscos de capital humano, como a incapacidade de atrair e manter grandes
talentos e a escassez de mão de obra, não aparecem entre os 10 principais riscos atuais para a
América Latina, diferentemente de outros rankings regionais. No entanto, o fato de também não
aparecerem na lista dos principais riscos futuros é preocupante, já que o crescimento futuro será
acompanhado de uma maior demanda por talentos. Com o aumento da aceitação e disponibilidade de vagas
de trabalho remoto, as organizações sediadas na América Latina precisam se manter competitivas para
atrair os melhores talentos em um mercado global, especialmente nas áreas de alta demanda de
ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Criar essa vantagem competitiva pode ajudar a
garantir que as empresas aproveitem ao máximo as oportunidades para promover seu crescimento, bem
como as tendências em ascensão, como o nearshoring.
Os entrevistados da América Latina classificaram a incapacidade de inovar e atender às necessidades
dos clientes em 18º lugar como risco atual e em 17º lugar como risco futuro. Assim como
outros ativos intangíveis, a inovação e a experiência do cliente requerem investimento e proteção.
Embora uma parte significativa da economia da América Latina seja atendida por subsidiárias locais
de empresas multinacionais que centralizam a inovação na matriz, ao reforçar as estratégias de
benefícios do empregador e da marca para atrair e reter uma mão de obra diversificada, os
representantes regionais e multinacionais podem ajudar na conexão com o cliente e fomentar a
inovação localmente.
Juntos, os riscos relacionados ao meio ambiente — como clima e desastres naturais em 10º
lugar, risco ambiental em 14º lugar, mudança climática em 15º lugar e governança
ambiental, social e corporativa (ESG), além de responsabilidade social corporativa (CSR) em 28º
lugar — podem ser considerados uma categoria subestimada dentro dos riscos atuais. Apesar de
alguns riscos ocuparem uma posição mais alta na lista dos 10 principais riscos futuros da região
(por exemplo, a mudança climática está em 7º lugar), os resultados da pesquisa indicam que o
nível de atenção às questões ambientais não é adequado. Em outras regiões do mundo, o estudo
minucioso do impacto da ação humana sobre o meio ambiente e os esforços para reduzir esse impacto
são mais intensos. Por isso, os líderes das organizações da região devem se concentrar nesses riscos
para criar estratégias e se preparar, já que, cada vez mais, os consumidores, investidores e
governos as responsabilizam pelo impacto ambiental.