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Risco

As Fusões e Aquisições num mundo cada vez mais tecnológico

O negócio das Fusões e Aquisições atingiu um recorde em 2019 (foram movimentados mais de um bilião de dólares em todo o mundo), o que indica que comprar continua uma prioridade na agenda das empresas.

O relatório “Insurance for M&A: a coming of age and an exciting future ahead”, lançado pela Aon, revela que a atual conjuntura económica tem-se apresentado favorável a atividades de Fusões e Aquisições devido às baixas taxas de juros, ao fortalecimento do balanço das empresas e ao aumento exponencial das atividades das empresas de private equity.

Porém, uma questão surge sempre na mente dos executivos de topo na hora de avançar com uma Fusão ou Aquisição: certificarem-se de que encontraram a empresa certa para comprar e que avaliaram adequadamente os ativos dessa empresa. Esse processo de avaliação dos riscos inerentes à oportunidade de negócio é conhecido como Due Diligence.

A Due Diligence prévia maximiza as hipóteses de sucesso das Fusões e Aquisições, mas existem dois fatores que devem ser tidos em conta nesse procedimento: a propriedade intelectual e os riscos cibernéticos.

O valor da propriedade intelectual

O mundo empresarial de hoje, mais digital, está a transformar a Due Diligence, que se tem focado cada vez mais em prioridades como os valores intangíveis no momento de fechar negócio.

Uma grande fatia do valor de mercado das empresas diz respeito a ativos intangíveis, como a propriedade intelectual (marcas, patentes, etc.), que se tem vindo a tornar numa das razões-chave, ou mesmo a principal razão, por que as empresas decidem avançar com Fusões e Aquisições. Na última década, os ativos intangíveis começaram a superar os ativos tangíveis em termos de valor, ultrapassando inclusive ativos de referência como propriedade ou equipamento.

A atividade global de Fusões e Aquisições é crescentemente representada por empresas dos setores tecnológicos, saúde digital, e-commerce e robótica, o que não é surpreendente, considerando que essas indústrias têm valiosos ativos de propriedade intelectual. Os desafios relacionados com Fusões e Aquisições estão a mudar; garantir o sucesso dessas operações está a exigir uma maior due diligence, sobretudo no que concerne à propriedade intelectual.

As empresas compradoras devem, portanto, avaliar cuidadosamente se e como a propriedade intelectual da empresa-alvo encaixa na sua estratégia de longo prazo. Por exemplo: existem patentes que valem a pena ser mantidas a longo prazo? Existem patentes que podem ser licenciadas a terceiros, e daí obter rentabilidade? Estas e outras questões devem ser escrupulosamente estudadas no momento da due diligence, a fim de levar a bom porto a estratégia de Fusão ou Aquisição.

Atenção ao risco cibernético

Quase todas as transações relativas a Fusões e Aquisições têm um cariz tecnológico e, por conseguinte, um acrescido risco de risco cibernético , o que, em última análise, pode ameaçar o sucesso do processo. Existe uma lacuna considerável no que respeita à segurança nestas transações. Falhas como brechas nos sistemas de dados ou baixo investimento em segurança cibernética das empresas-alvo podem significar custos inesperados (processos judiciais caros, multas regulatórias, contratação de serviços de segurança cibernética, etc.) e inclusive danos à marca, podendo impactar o normal decorrer de um acordo.

Assim, nos processos de Fusões e Aquisições é essencial uma due diligence ao nível do risco cibernético, de modo a identificar potenciais ameaças, avaliar medidas de segurança e quantificar custos de uma eventual exposição financeira.

Seguros registam um aumento significativo da procura

De acordo com o relatório “Insurance for M&A: a coming of age and an exciting future ahead" , o atual crescimento das atividades de Fusões e Aquisições tem levado a um aumento significativo da procura de seguros nesta área.

“Compradores, vendedores, sociedades de advogados e profissionais estão cada vez mais conscientes para a importância dos seguros no processo de transação, facto que culminou em infraestruturas aprimoradas neste mercado, permitindo um maior acesso dos clientes a produtos mais sofisticados, a uma maior variedade de fornecedores, a limites de coberturas mais extensos, a prémios mais baixos e a serviços de consultoria de capital”, refere Anabela Araújo, Chief Broking Officer da Aon Portugal.

Segundo o relatório, a Aon registou 3.200 transações realizadas globalmente que recorreram a seguros, em 2018. Estes dados mostram que o valor de mercado destas transações alcançou os 2.3 mil milhões de dólares (cerca de 2 mil milhões de euros).

“A comunidade de Fusões e Aquisições tem demostrado que valoriza o papel capacitador que os seguros podem desempenhar, desafiando cada vez mais o setor a desenvolver soluções mais inovadoras. As seguradoras que consigam responder a este quesito e encontrar formas criativas de aplicar o seu capital, estarão bem posicionadas para beneficiar das oportunidades apresentadas”, refere Anabela Araújo.

Em resumo

Os empresários procuram constantemente formas de maximizar a performance das suas empresas. As Fusões e Aquisições continuarão a ser uma forma de fazê-lo com um elevado grau de confiança, trazendo maior faturação e crescimento. Nos próximos anos, assistiremos a números-recorde neste tipo de movimentos, sobretudo na área tecnológica, e a propriedade intelectual e a avaliação de risco cibernético adquirirão cada vez mais preponderância no mercado.

Consigam-se acautelar os riscos e assegurar a due diligence com o apoio de empresas especializadas na área, como a Aon, e as Fusões e Aquisições terão muito maior probabilidade de sucesso.

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