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Risco

Maiores perdas económicas de sempre mostram que é crucial apostar na resiliência climática

De acordo com o relatório Weather, Climate & Catastrophe Insight, desenvolvido pela Aon, os desastres naturais registados no ano passado causaram prejuízos na economia mundial de mais de 210 mil milhões de euros. 2019 foi mesmo o oitavo ano mais caro em termos de desastres naturais e o decénio de 2010-2019 foi o mais caro desde que há registo. Numa base nominal e ajustada à inflação, as perdas económicas diretas totais atingiram 2,76 mil milhões de euros no decénio de 2010-2019, mais mil milhões do que na década anterior (2000-2009).

2019 foi também o segundo ano mais quente desde 1851, tanto em relação a temperaturas terrestres como oceânicas. Ocorre, em média, um desastre natural por semana, afirmam as Nações Unidas, que não hesitam em atribuir a frequência alarmante das catástrofes naturais aos efeitos das alterações climáticas. Seis dos dez desastres mais caros de 2019 foram relacionados com inundações e os ciclones tropicais e as inundações no interior foram os dois perigos mais caros do mundo na última década.

 

No caso de Portugal, o relatório indica que os prejuízos provocados pelo furacão Lorenzo (outubro de 2019) ascenderam a 330 milhões de euros. Também o mau tempo provocado pelas depressões Elsa e Fabien causou um prejuízo estimado de nove a dez milhões de euros.

PREVISÕES PARA A PRÓXIMA DÉCADA

Espera-se um aumento tanto ao nível dos fenómenos climáticos (que serão cada vez mais críticos e caros), como ao nível dos problemas ligados ao crescimento da exposição das áreas costeiras e interiores a inundações (há muito identificadas como altamente vulneráveis), e aos novos padrões de migração da população. À medida que os padrões demográficos mudam em todo o mundo, o impacto de desastres naturais - incluindo custos financeiros - irá aumentar. Outra das conclusões do estudo da Aon é que perigos anteriormente considerados secundários, como incêndios, inundações e secas, tornaram-se muito mais caros nos últimos anos.

O impacto das mudanças climáticas é cada vez mais intenso e as áreas urbanas tendem a ser particularmente vulneráveis devido à combinação da densidade populacional com a proximidade de rios e do mar. Em Portugal, investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa apontam para 146 mil pessoas afetadas pela subida do nível médio do mar já em 2050.

A IMPORTÂNCIA DOS SEGUROS

O estudo da Aon revela que, dos 210 mil milhões de euros de perdas económicas registadas em 2019 devido a desastres naturais, apenas cerca de 64 mil milhões foram cobertos pelos seguros, o que significa que a parte das perdas económicas não cobertas por seguros foi de 69%, a quinta mais baixa desde 2000. No que diz respeito aos últimos dez anos, os gastos com danos pagos pela indústria seguradora (entidades públicas e privadas) atingiu um novo recorde: cerca de 725 mil milhões de euros.

Estes números demonstram que, à medida que as catástrofes se tornam cada vez mais frequentes e caras, torna-se essencial apostar na resiliência climática, de modo a mitigar o impacto de desastres nas empresas.

Greg Lowe, responsável internacional pela Sustentabilidade e Resiliência da Aon, sugere que a colaboração é o caminho a seguir: "Os desastres naturais estão a pressionar a indústria seguradora a olhar para o futuro e gerir os riscos climáticos em evolução". Greg defende que, apesar de tudo, a oportunidade é promissora: "O setor está posicionado de maneira única para incentivar vários grupos, desde investidores a decisores políticos, a descobrir juntos como responder aos vários riscos decorrentes das mudanças climáticas".

Construir resiliência contra as alterações climáticas deve, portanto, ser um esforço das empresas, mas pode também ser partilhado com outros decisores: políticos, académicos, cientistas, engenheiros, investidores.

É inevitável, os desastres naturais vão sempre acontecer. No entanto, a forma como as empresas vão agir desempenhará um papel fundamental na construção de uma resiliência climática, e o apoio de empresas que avaliam o risco e estudam soluções para os aliviar, como é a Aon, é crucial para o esforço de mitigação do impacto dos desastres naturais.